( os contos deixam as memórias vivas de vozes e ritos passados)
Em tempos, havia numa casa, um casal, e desse casal um dia nasceu uma criança. E na casa mesmo ao lado, vivia também outro casal, do qual, um dia também nasceu uma criança. Um menino e uma menina.
E as famílias de amigas que eram, achavam que um dia mais tarde as crianças deviam juntar-se. E os anos passaram, e o destino ou a vontade das famílias, fez com que anos mais tarde, os jovens se casassem.
Mas a felicidade dos dois foi curta, porque veio a guerra, e o homem teve que partir...
Dizem que a última noite, foi uma noite de beijos, carícias e abraços. E o homem partiu com saudade, e a mulher ficou à espera que o seu homem voltasse da guerra.
E os dias passaram. Todas as manhãs, a mulher ao acordar, arrumava a casa, aprontava o almoço e a ceia, como se o seu homem tivesse prestes a entrar pela porta de casa; mas nada.
E passaram dias, semanas, meses e até anos.
Até que ao cabo de 7 anos, a mulher assomou-se às portadas da casa e viu aparecer por entre a poeira dos caminhos, um ser que não reconhecia como seu. Era um homem que tinha estado 7 anos na guerra e que ela não reconhecia como o seu homem. Trazia longas barbas, assim como os cabelos longos e desgrenhados, unhas sujas e compridas e um olhar de bicho. E em vez de entrar em casa que deixara há tanto tempo e que a sua mulher aprontara com tanto carinho; refugiou-se nas matas ali perto, e comportava-se como se fosse um bicho... para quem durante 7 anos esperara o seu homem...
Então, a rapariga, ouviu falar, que ali perto na aldeia, vivia uma velha que sabia ARTES, e não perdendo tempo, pôs-se a caminho.
Ao entrar na casa da velha, ela estava sentada à roda do lume, de costas voltadas para a porta, e a rapariga não precisou de dizer quem era, nem ao que vinha, e a velha disse-lhe:
- Entra filha, entra; que sei ao que vens... queres recuperar o coração e o amor do teu homem, não é verdade?
Eu sei como resolver o teu problema... mas... para o conseguir, tens que me trazer uma coisa muito rara. Um pêlo. Um pelo do urso que vive lá cima na montanha; o urso do colar da lua crescente...
Muitos homens, homens fortes tinham já tentado defrontar a fera, e todos eles tinham fracassado, como é que aquela velha queria que uma mulher frágil como ela, subisse ao cimo de tão alta montanha e defrontasse a fera?
- Rapariga, acredita. Quando uma mulher quer, tudo consegue...
- Senhora, como é que uma mulher tão frágil como eu pode subir ao cimo de tão alta montanha, os perigos são tantos e...
- Cala-te, moça. Aprende a confiar. E agora vai e traz-me um pelo do urso que vive lá cima na montanha, e com ele conseguirei recuperar o coração e o amor do teu homem!
A mulher apressou-se a regressar a casa, tratou de se agasalhar porque a montanha era fria e de arranjar um saco com mantimentos, e pôs-se a caminho.
Primeiro, começou por atravessar os rios infestados de bichos que se colavam às pernas e aos pés e os faziam sangrar, qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não. Aquela mulher, era uma mulher apaixonada e acreditava que a solução para os seus males, estava lá no cimo da montanha, e continuou a subir.
À medida que ía subindo, o frio aumentava, até que a certa altura, começou a chover, e as suas roupas colavam-se ao corpo gelado. Os galhos das árvores fustigavam-lhe o rosto e o corpo deixando chagas profundas... qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não.
A certa altura, começou a nevar, e os seus pés feridos e as suas mãos estavam rouxas.
Até que por fim, chegou ao cimo da montanha, lá em cima onde vive a fera, epor todo o lado se viam as bostas que o urso ia deixando pelos caminhos. E a mulher com muito cuidado, aproximou-se da entrada da gruta, onde a fera se acoitava e de onde se podiam ouvir os seus enormes roncos, e com todo o cuidado tratou de lá deixar alguma comida, de seguida, refugiou-se nas matas ali perto e esperou, esperou que a fera viesse comer. Até que ao cabo de algum tempo, o enorme animal saiu da gruta, aproximou-se da comida, 1º cheirou, depois abocanhou os pedaços de comida que a mulher lá deixara. Ao 2º dia aconteceu exactamente a mesma coisa, e ao 3º também. E durante 6 dias aquela mulher que nada tinha de seu, apenas possuía uma vontade enorme de levar consigo um pelo branco do urso; alimentou a fera.
Ao 7º dia, não restava mais nada para comer, senão um naco de pão seco e duro, a mulher aproximou-se devagar da entrada da gruta e pousou o pão no chão, mas em vez de se refugiar nas matas, deixou-se ficar ali mesmo.
A fera saiu de mansinho e veio até junto da mulher, 1º cheirou o pão e de seguida devorou-o, depois começou a cheirar os pés e as pernas ensanguentadas da mulher, abriu a sua enorme boca munida de enormes presas, levantou-se nas patas traseiras e ergueu uma das patas munida de fortes garras, e tinha 3 vezes o tamanho daquela mulher, mas der repente parou a sua enorme pata no ar, porque uma voz uma voz fininha vinda de dentro lhe disse:
- Urso do colar da lua crescente, sou eu que há 7 dias te alimento e só quero em troca um pelo. Um pelo desses que tens aí em volta do teu pescoço em forma de lua crescente.
E dizem que por momentos os seus olhares se cruzaram, e a fera viu nos olhos daquela mulher, o seu passado, o seu presente e o seu futuro. E muito de mansinho, a fera baixou-se, inclinou a sua enorme cabeça e deixou que aquela mulher colhesse um pelo.
- Muito obrigado Sr. Urso, muito obrigado.
A mulher voltou para casa e levou muito menos tempo a descer a montanha do que aquele que tinha levado a subir, entrou em casa da velha, onde esta continuava exactamente no mesmo lugar...
- Entra filha, entra. Ah! Vejo que trouxeste o pelo. E é branco, branco como a mais pura neve, e cheira a mato e a esteva... e sabe a frutos silvestres. Rapariga conseguiste! Sabes o que vou fazer com este pelo?
A esperança acendeu-se de novo nos olhos daquela mulher.
E a velha zás, jogou o pelo no lume!
- Senhora que fizeste, acabaste de destruir em segundos o que levei tanto tempo a conseguir. A escalada da montanha foi imensa e os perigos tantos e tu...
- Cala-te moça! Aprende a confiar...
Vai para tua casa e conquista o teu homem como conquistaste a fera.
E BENDITO E LOUVADO, MEU CONTO JÁ ESTÁ TERMINADO!
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Se eu morrer antes de ti...

Se eu morrer antes de ti, faz-me um favor:
Chora o quanto quiseres, mas não te zangues com Deus por Ele me ter levado.
Se não quiseres chorar, não chores.
Se não conseguires chorar, não te preocupes.
Se tiveres vontade de rir, ri.
Se alguns amigos contarem algum facto a meu respeito, ouve e acrescenta tua versão.
Se me elogiarem demais, corrige o exagero.
Se me criticarem demais, defende-me.
Se me quiserem fazer de santa, só porque morri, mostra-lhes que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser a santa que me fazem...
Se me quiserem fazer de demónio, mostra que eu talvez tivesse um pouco de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser amiga e fazer o bem.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar a ser útil a ti, lá onde estiver.
E se tiveres vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diz apenas uma frase:
- Foi minha amiga, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!
- Aí, então derrama uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituída, irei cuidar de minha nova tarefa...
Mas, de vez em quando, da uma olhada na direcção do Céu.
Não me verás, mas eu ficarei muito feliz vendo-te olhar.
E, quando chegar a tua vez de partir, aí sem nada a separar-nos, vamos viver, o que já não é possível em outro lugar…
Acreditas nessas coisas?
Eu própria não sei se acredito…
Então pensa forte, para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver bem.
Amizade e amor, só fazem sentido trazendo o céu para mais perto de nós, podendo assim viver um outro começo.
Mas, se eu morrer antes de ti, acho que não vou estranhar o infinito...
"Ser teu amigo... Já é um pedaço dele..."
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