quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Ao meu menino...
Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.
Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d’água, colhe as flores, gosta delas, esquece.
Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair
no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.
Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu
brincar.
Versão: Maria Bethânia.
Autor-Alberto Caeiro:
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
“Se é que ele as criou, do que duvido.” -
“Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.”
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Se tu soubesses...

Ah! Se tu soubesses o gosto doce do teu beijo. Se tu soubesses o quanto ele é bom e saboroso, e o quanto acalenta o coração e a alma, talvez entendesses o encanto das coisas do coração e do amor ao primeiro encontro dos nossos lábios. O destino às vezes cruza os caminhos das pessoas numa tentativa de fazer com que muitas coisas renascessem das cinzas para uma longa e complicada vida cheia de fantasias, de desejos, de sonhos e de sentimentos reais e profundos.
O encanto do teu beijo fez com que eu acordasse novamente para a vida de forma que jamais imaginei, porque até ao momento dos meus lábios encontrarem os teus lábios pela primeira vez, eu não tinha outro alguém no meu coração e nos meus pensamentos, e achava que nunca mais iria encontrar outro alguém tão especial como tu para amar. A vida me fez sofrer por um amor perdido e ao mesmo tempo, fez com que eu descobrisse que ao voltares, és melhor do que quanto te foste…
Eu agradeço a “Deus” por tudo que sofri, porque foi por ter sofrido tanto que acabei descobrindo através dos teus beijos que tu podes oferecer o que mais ninguém me ofereceu e que sempre procurei na vida em relação aos sentimentos. Por essa razão eu não quero deixar-te partir para outros braços sem antes ter uma oportunidade de viver para provar-te que sou digna do teu amor e do teu verdadeiro sentimento. Eu confesso que a partir do momento que os meus lábios tocaram nos teus, esqueci totalmente da vida e e de todo um passado que muito me fez sofrer, até os nossos lábios se encontrarem daquela forma tão boa e calorosa. Quando os nossos lábios se encontraram, eu sabia que a tua intenção não foi a de pensar em mim ou nos meus beijos sedentos de desejos, porque não era eu que tu estavas a beijar e não era eu quem estava no teu coração e nos teus pensamentos naquele exacto momento de descoberta e emoção.
O que importa agora? O que importa é que nós dois procuramos as mesmas coisas num instante que a nossa mente estava centrada e envolvida; num passado recente de tristeza, melancolia, dor, sofrimento, angustia, arrependimento, solidão tivemos, mas tenho a certeza de que na ansiedade de beijar quem realmente estava a desejar e de ir ao encontro da total liberdade um do outro, acabamos descobrindo que ainda somos capazes de superar o passado para voltar a amarmo-nos novamente.
O que senti foi de grande importância para o meu ser, e para mim não importa se nós ainda vamos ou não viver momentos lindos como este num futuro próximo. O que importa é que pela primeira vez, eu não tive medo de descobrir o segredo e o mistério…É assim que um homem e uma mulher se encontram e se conhecem para uma nova vida a dois. É assim que nasce uma afinidade. É assim que nasce um sentimento. É assim que nasce a cumplicidade, a lealdade, a compreensão e a fidelidade entre duas pessoas do sexo oposto e que nunca tinham tocado uma na outra, desta nova forma renascida… É assim que nasce uma união e, é assim que nasce um grande e eterno amor. So te peço que acredites…
Bj sempre
sexta-feira, 18 de julho de 2008
O Urso do colar da lua crescente
( os contos deixam as memórias vivas de vozes e ritos passados)
Em tempos, havia numa casa, um casal, e desse casal um dia nasceu uma criança. E na casa mesmo ao lado, vivia também outro casal, do qual, um dia também nasceu uma criança. Um menino e uma menina.
E as famílias de amigas que eram, achavam que um dia mais tarde as crianças deviam juntar-se. E os anos passaram, e o destino ou a vontade das famílias, fez com que anos mais tarde, os jovens se casassem.
Mas a felicidade dos dois foi curta, porque veio a guerra, e o homem teve que partir...
Dizem que a última noite, foi uma noite de beijos, carícias e abraços. E o homem partiu com saudade, e a mulher ficou à espera que o seu homem voltasse da guerra.
E os dias passaram. Todas as manhãs, a mulher ao acordar, arrumava a casa, aprontava o almoço e a ceia, como se o seu homem tivesse prestes a entrar pela porta de casa; mas nada.
E passaram dias, semanas, meses e até anos.
Até que ao cabo de 7 anos, a mulher assomou-se às portadas da casa e viu aparecer por entre a poeira dos caminhos, um ser que não reconhecia como seu. Era um homem que tinha estado 7 anos na guerra e que ela não reconhecia como o seu homem. Trazia longas barbas, assim como os cabelos longos e desgrenhados, unhas sujas e compridas e um olhar de bicho. E em vez de entrar em casa que deixara há tanto tempo e que a sua mulher aprontara com tanto carinho; refugiou-se nas matas ali perto, e comportava-se como se fosse um bicho... para quem durante 7 anos esperara o seu homem...
Então, a rapariga, ouviu falar, que ali perto na aldeia, vivia uma velha que sabia ARTES, e não perdendo tempo, pôs-se a caminho.
Ao entrar na casa da velha, ela estava sentada à roda do lume, de costas voltadas para a porta, e a rapariga não precisou de dizer quem era, nem ao que vinha, e a velha disse-lhe:
- Entra filha, entra; que sei ao que vens... queres recuperar o coração e o amor do teu homem, não é verdade?
Eu sei como resolver o teu problema... mas... para o conseguir, tens que me trazer uma coisa muito rara. Um pêlo. Um pelo do urso que vive lá cima na montanha; o urso do colar da lua crescente...
Muitos homens, homens fortes tinham já tentado defrontar a fera, e todos eles tinham fracassado, como é que aquela velha queria que uma mulher frágil como ela, subisse ao cimo de tão alta montanha e defrontasse a fera?
- Rapariga, acredita. Quando uma mulher quer, tudo consegue...
- Senhora, como é que uma mulher tão frágil como eu pode subir ao cimo de tão alta montanha, os perigos são tantos e...
- Cala-te, moça. Aprende a confiar. E agora vai e traz-me um pelo do urso que vive lá cima na montanha, e com ele conseguirei recuperar o coração e o amor do teu homem!
A mulher apressou-se a regressar a casa, tratou de se agasalhar porque a montanha era fria e de arranjar um saco com mantimentos, e pôs-se a caminho.
Primeiro, começou por atravessar os rios infestados de bichos que se colavam às pernas e aos pés e os faziam sangrar, qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não. Aquela mulher, era uma mulher apaixonada e acreditava que a solução para os seus males, estava lá no cimo da montanha, e continuou a subir.
À medida que ía subindo, o frio aumentava, até que a certa altura, começou a chover, e as suas roupas colavam-se ao corpo gelado. Os galhos das árvores fustigavam-lhe o rosto e o corpo deixando chagas profundas... qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não.
A certa altura, começou a nevar, e os seus pés feridos e as suas mãos estavam rouxas.
Até que por fim, chegou ao cimo da montanha, lá em cima onde vive a fera, epor todo o lado se viam as bostas que o urso ia deixando pelos caminhos. E a mulher com muito cuidado, aproximou-se da entrada da gruta, onde a fera se acoitava e de onde se podiam ouvir os seus enormes roncos, e com todo o cuidado tratou de lá deixar alguma comida, de seguida, refugiou-se nas matas ali perto e esperou, esperou que a fera viesse comer. Até que ao cabo de algum tempo, o enorme animal saiu da gruta, aproximou-se da comida, 1º cheirou, depois abocanhou os pedaços de comida que a mulher lá deixara. Ao 2º dia aconteceu exactamente a mesma coisa, e ao 3º também. E durante 6 dias aquela mulher que nada tinha de seu, apenas possuía uma vontade enorme de levar consigo um pelo branco do urso; alimentou a fera.
Ao 7º dia, não restava mais nada para comer, senão um naco de pão seco e duro, a mulher aproximou-se devagar da entrada da gruta e pousou o pão no chão, mas em vez de se refugiar nas matas, deixou-se ficar ali mesmo.
A fera saiu de mansinho e veio até junto da mulher, 1º cheirou o pão e de seguida devorou-o, depois começou a cheirar os pés e as pernas ensanguentadas da mulher, abriu a sua enorme boca munida de enormes presas, levantou-se nas patas traseiras e ergueu uma das patas munida de fortes garras, e tinha 3 vezes o tamanho daquela mulher, mas der repente parou a sua enorme pata no ar, porque uma voz uma voz fininha vinda de dentro lhe disse:
- Urso do colar da lua crescente, sou eu que há 7 dias te alimento e só quero em troca um pelo. Um pelo desses que tens aí em volta do teu pescoço em forma de lua crescente.
E dizem que por momentos os seus olhares se cruzaram, e a fera viu nos olhos daquela mulher, o seu passado, o seu presente e o seu futuro. E muito de mansinho, a fera baixou-se, inclinou a sua enorme cabeça e deixou que aquela mulher colhesse um pelo.
- Muito obrigado Sr. Urso, muito obrigado.
A mulher voltou para casa e levou muito menos tempo a descer a montanha do que aquele que tinha levado a subir, entrou em casa da velha, onde esta continuava exactamente no mesmo lugar...
- Entra filha, entra. Ah! Vejo que trouxeste o pelo. E é branco, branco como a mais pura neve, e cheira a mato e a esteva... e sabe a frutos silvestres. Rapariga conseguiste! Sabes o que vou fazer com este pelo?
A esperança acendeu-se de novo nos olhos daquela mulher.
E a velha zás, jogou o pelo no lume!
- Senhora que fizeste, acabaste de destruir em segundos o que levei tanto tempo a conseguir. A escalada da montanha foi imensa e os perigos tantos e tu...
- Cala-te moça! Aprende a confiar...
Vai para tua casa e conquista o teu homem como conquistaste a fera.
E BENDITO E LOUVADO, MEU CONTO JÁ ESTÁ TERMINADO!
Em tempos, havia numa casa, um casal, e desse casal um dia nasceu uma criança. E na casa mesmo ao lado, vivia também outro casal, do qual, um dia também nasceu uma criança. Um menino e uma menina.
E as famílias de amigas que eram, achavam que um dia mais tarde as crianças deviam juntar-se. E os anos passaram, e o destino ou a vontade das famílias, fez com que anos mais tarde, os jovens se casassem.
Mas a felicidade dos dois foi curta, porque veio a guerra, e o homem teve que partir...
Dizem que a última noite, foi uma noite de beijos, carícias e abraços. E o homem partiu com saudade, e a mulher ficou à espera que o seu homem voltasse da guerra.
E os dias passaram. Todas as manhãs, a mulher ao acordar, arrumava a casa, aprontava o almoço e a ceia, como se o seu homem tivesse prestes a entrar pela porta de casa; mas nada.
E passaram dias, semanas, meses e até anos.
Até que ao cabo de 7 anos, a mulher assomou-se às portadas da casa e viu aparecer por entre a poeira dos caminhos, um ser que não reconhecia como seu. Era um homem que tinha estado 7 anos na guerra e que ela não reconhecia como o seu homem. Trazia longas barbas, assim como os cabelos longos e desgrenhados, unhas sujas e compridas e um olhar de bicho. E em vez de entrar em casa que deixara há tanto tempo e que a sua mulher aprontara com tanto carinho; refugiou-se nas matas ali perto, e comportava-se como se fosse um bicho... para quem durante 7 anos esperara o seu homem...
Então, a rapariga, ouviu falar, que ali perto na aldeia, vivia uma velha que sabia ARTES, e não perdendo tempo, pôs-se a caminho.
Ao entrar na casa da velha, ela estava sentada à roda do lume, de costas voltadas para a porta, e a rapariga não precisou de dizer quem era, nem ao que vinha, e a velha disse-lhe:
- Entra filha, entra; que sei ao que vens... queres recuperar o coração e o amor do teu homem, não é verdade?
Eu sei como resolver o teu problema... mas... para o conseguir, tens que me trazer uma coisa muito rara. Um pêlo. Um pelo do urso que vive lá cima na montanha; o urso do colar da lua crescente...
Muitos homens, homens fortes tinham já tentado defrontar a fera, e todos eles tinham fracassado, como é que aquela velha queria que uma mulher frágil como ela, subisse ao cimo de tão alta montanha e defrontasse a fera?
- Rapariga, acredita. Quando uma mulher quer, tudo consegue...
- Senhora, como é que uma mulher tão frágil como eu pode subir ao cimo de tão alta montanha, os perigos são tantos e...
- Cala-te, moça. Aprende a confiar. E agora vai e traz-me um pelo do urso que vive lá cima na montanha, e com ele conseguirei recuperar o coração e o amor do teu homem!
A mulher apressou-se a regressar a casa, tratou de se agasalhar porque a montanha era fria e de arranjar um saco com mantimentos, e pôs-se a caminho.
Primeiro, começou por atravessar os rios infestados de bichos que se colavam às pernas e aos pés e os faziam sangrar, qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não. Aquela mulher, era uma mulher apaixonada e acreditava que a solução para os seus males, estava lá no cimo da montanha, e continuou a subir.
À medida que ía subindo, o frio aumentava, até que a certa altura, começou a chover, e as suas roupas colavam-se ao corpo gelado. Os galhos das árvores fustigavam-lhe o rosto e o corpo deixando chagas profundas... qualquer homem ou qualquer mulher, teriam desistido, mas aquela mulher não.
A certa altura, começou a nevar, e os seus pés feridos e as suas mãos estavam rouxas.
Até que por fim, chegou ao cimo da montanha, lá em cima onde vive a fera, epor todo o lado se viam as bostas que o urso ia deixando pelos caminhos. E a mulher com muito cuidado, aproximou-se da entrada da gruta, onde a fera se acoitava e de onde se podiam ouvir os seus enormes roncos, e com todo o cuidado tratou de lá deixar alguma comida, de seguida, refugiou-se nas matas ali perto e esperou, esperou que a fera viesse comer. Até que ao cabo de algum tempo, o enorme animal saiu da gruta, aproximou-se da comida, 1º cheirou, depois abocanhou os pedaços de comida que a mulher lá deixara. Ao 2º dia aconteceu exactamente a mesma coisa, e ao 3º também. E durante 6 dias aquela mulher que nada tinha de seu, apenas possuía uma vontade enorme de levar consigo um pelo branco do urso; alimentou a fera.
Ao 7º dia, não restava mais nada para comer, senão um naco de pão seco e duro, a mulher aproximou-se devagar da entrada da gruta e pousou o pão no chão, mas em vez de se refugiar nas matas, deixou-se ficar ali mesmo.
A fera saiu de mansinho e veio até junto da mulher, 1º cheirou o pão e de seguida devorou-o, depois começou a cheirar os pés e as pernas ensanguentadas da mulher, abriu a sua enorme boca munida de enormes presas, levantou-se nas patas traseiras e ergueu uma das patas munida de fortes garras, e tinha 3 vezes o tamanho daquela mulher, mas der repente parou a sua enorme pata no ar, porque uma voz uma voz fininha vinda de dentro lhe disse:
- Urso do colar da lua crescente, sou eu que há 7 dias te alimento e só quero em troca um pelo. Um pelo desses que tens aí em volta do teu pescoço em forma de lua crescente.
E dizem que por momentos os seus olhares se cruzaram, e a fera viu nos olhos daquela mulher, o seu passado, o seu presente e o seu futuro. E muito de mansinho, a fera baixou-se, inclinou a sua enorme cabeça e deixou que aquela mulher colhesse um pelo.
- Muito obrigado Sr. Urso, muito obrigado.
A mulher voltou para casa e levou muito menos tempo a descer a montanha do que aquele que tinha levado a subir, entrou em casa da velha, onde esta continuava exactamente no mesmo lugar...
- Entra filha, entra. Ah! Vejo que trouxeste o pelo. E é branco, branco como a mais pura neve, e cheira a mato e a esteva... e sabe a frutos silvestres. Rapariga conseguiste! Sabes o que vou fazer com este pelo?
A esperança acendeu-se de novo nos olhos daquela mulher.
E a velha zás, jogou o pelo no lume!
- Senhora que fizeste, acabaste de destruir em segundos o que levei tanto tempo a conseguir. A escalada da montanha foi imensa e os perigos tantos e tu...
- Cala-te moça! Aprende a confiar...
Vai para tua casa e conquista o teu homem como conquistaste a fera.
E BENDITO E LOUVADO, MEU CONTO JÁ ESTÁ TERMINADO!
Se eu morrer antes de ti...

Se eu morrer antes de ti, faz-me um favor:
Chora o quanto quiseres, mas não te zangues com Deus por Ele me ter levado.
Se não quiseres chorar, não chores.
Se não conseguires chorar, não te preocupes.
Se tiveres vontade de rir, ri.
Se alguns amigos contarem algum facto a meu respeito, ouve e acrescenta tua versão.
Se me elogiarem demais, corrige o exagero.
Se me criticarem demais, defende-me.
Se me quiserem fazer de santa, só porque morri, mostra-lhes que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser a santa que me fazem...
Se me quiserem fazer de demónio, mostra que eu talvez tivesse um pouco de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser amiga e fazer o bem.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar a ser útil a ti, lá onde estiver.
E se tiveres vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diz apenas uma frase:
- Foi minha amiga, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!
- Aí, então derrama uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituída, irei cuidar de minha nova tarefa...
Mas, de vez em quando, da uma olhada na direcção do Céu.
Não me verás, mas eu ficarei muito feliz vendo-te olhar.
E, quando chegar a tua vez de partir, aí sem nada a separar-nos, vamos viver, o que já não é possível em outro lugar…
Acreditas nessas coisas?
Eu própria não sei se acredito…
Então pensa forte, para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver bem.
Amizade e amor, só fazem sentido trazendo o céu para mais perto de nós, podendo assim viver um outro começo.
Mas, se eu morrer antes de ti, acho que não vou estranhar o infinito...
"Ser teu amigo... Já é um pedaço dele..."
quarta-feira, 18 de junho de 2008
A Ti...

" O vento sopra nos teus cabelos, eles flutuam no ar com liberdade e beleza. Queria ser o vento para poder tocar-te, para poder sentir-te, sem magoar-te, nem ferir. Queria ser o vento para estar ao teu lado e soprar do teu rosto toda tristeza, mágoa e como mágica fazê-la flutuar, deixando os problemas e sonhar. Sonhares sozinha e sentires o carinho com que passo por ti.
Mas quando vejo, tu foste embora e o vento acabou. Foste embora sem saber como é sonhar um sonho verdadeiro, foste sem saber o que é voar em devaneio, foste sozinha. Para onde estavas a ir com esses olhos da cor do céu, com esses lábios doces e os teus cabelos que desciam pelas tuas costas e subiam novamente. Pareciam um enorme campo que o vento acariciava e por onde ele passava uma marca ia deixando. Marcas de carinho que tu não percebeste que estavam em ti. Marcas de carinho que o vento não deixa, que o vento não faz. Mas sim, marcas que fiz no teu coração, marcas sem dor, sem sentimento, sem cor. Como o vento...vento que contorna o teu corpo sem te ferir, sem tu sentires. Fecha os olhos e vê o vento; ele chora a tua falta. Contigo, o vento fica em movimento, ele tira as tuas mágoas e faz-te sonhar. Leva-te para longe, onde o vento não vai. Mas por ti, o vento vai até parar de ventar. Aí tu voltas, e esqueces das alegrias, das gargalhadas, do carinho que o vento te fez.
Por mais longa que seja a estrada, por mais insuportável que sejam as minhas dores, por mais que digam que seja em vão, por mais que os meus sentidos creiam que seja em vão, nunca, nunca desistirei de amar-te, nunca deixarei de sonhar contigo ao meu lado. Como queria ser o vento para fazer-te feliz mesmo que por pouco tempo, mesmo que tu não te lembres mais de mim, eu estarei sempre perto, estarei sempre perto. Estarei no teu coração, porque fiz marcas nele que não doem, mas que para sempre ficarão. Estarei sempre perto de ti como o vento. Tu és o meu único caminho, a minha única estrada, o meu único destino.
( Por um amigo...)
terça-feira, 17 de junho de 2008
Razoes...

"Quantas e quantas vezes, venho ao encontro deste blog reler todas as palavras que para ti escrevi e vou continuando a escrever. São inúmeras as vezes que dou por mim a reviver cada momento escrito, não tem dia marcado, nem hora, apenas quando sinto necessidade. Sinto este blog, como um local onde me encontro a sós com a paz e a tua presença, mesmo que ainda te encontres distante de mim. Vir aqui, é como te encontrar, mesmo sem saber se tu também fazes o mesmo.
São quase dois anos que faço dele o meu segredo. É nele que confesso que ainda te amo, mesmo que negue para toda a gente, é com ele que falo da minha saudade, desta vontade louca de voltar a encontrar-te. Poderei dizer que é um vício escrever para ti, um vício bom porque faz-me sentir consideravelmente melhor, nada fica aqui dentro porque no fundo sei que algo te pode trazer aqui e possas saber que em mim todos os sentimentos se encontram adormecidos, encontram-se como brasas à espera do vento para atiçar a fogueira, é por isso que continuo a escrever e depositar neste meu fiel companheiro tudo o que tenho para te dizer.
Dir-te-ei que neste momento a minha vida vai sofrendo uma transformação nunca antes esperada. Dou por mim a fazer coisas sem imaginar que pudesse vir a fazer. Tudo mudou, com excepção de uma coisa, continuo a pensar em ti, no que estás a fazer, no que sentes e se ainda pensas em mim. Lembro dos nossos momentos que por vezes com a saudade me levam a não conter as lágrimas. Se tiver que falar de ti, falo com todo o carinho e desculpo pelos erros que cometes-te, por saber que eu também os cometi. Agora não interessa, o que interessa é aquilo que sinto e nem mesmo com o dom da palavra como tantas vezes me apelidam ter, consiga exprimir todo esse sentimento. Com esta transformação, muita coisa desejo realizar, experienciar e mais uma vez vou de encontro a ti, por querer que tudo na minha vida seja realizado ao teu lado. São inúmeros os sonhos, aqueles sonhos que todas as noites vou sonhando contigo. Quando acordo é em ti que penso, depois agradeço a oportunidade de poder viver mais um dia e poder amar-te mesmo que distante. Não penso que vai ser mais um dia sem ti, penso antes que falta menos um dia para te encontrar de novo e acabar com toda esta saudade.
Um dia irei casar-me, ter os meus filhos, ter a minha família, mas tu estarás sempre comigo em todo o lado. No dia do meu casamento, ate ao último momento esperarei que chegues e me digas que me amas e eu corra para ti nesse momento como tantas vezes se vê nos filmes, mas a minha vida não é um filme, é a realidade e a realidade é eu te amar. Na velhice, contarei para os meus netos uma história de amor e essa história será a nossa, no fim vou inventar-lhe um fim que eu desejava ter contigo, aquele que termina sempre com as mesmas palavras: …e foram felizes para sempre!
Sempre que ouço uma das nossas músicas, nada mais acontece à minha volta, é como se ainda te ouvisse a cantá-la aos meus ouvidos e terminasses simplesmente a dizer…gosto muito de ti meu amor…ainda sinto tudo isso e ao contrário que possam dizer, faz-me bem reviver esses momentos, porque é bom quando amamos verdadeiramente. Continuo a escrever-te não por querer sofrer, mas por querer continuar a amar-te e sentir bem no fundo que és a pessoa que eu escolhi para amar, eis a verdadeira razão da existência deste meu e teu blog, eis o meu segredo, aquele que só tu sabes qual é…"
Tomei a liberdade de publicar estas palavras do meu amigo Mico. Sem mais comentários, ele como sempre e tão bem o faz, consegue dizer tudo; Obrigado Mico, por seres como és.
Fica Bem amigo
Bem Hajas!
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Hoje...

" Hoje
Não estou de bem
Pra ninguém
Marquei encontro com o silêncio
A tristeza veio também
Trouxe a saudade
E a esperança ainda vem
Sentei-me ao lado do silêncio
Em frente da tristeza
A saudade ficou de lado
A esperança vem de certeza
O silêncio ficou mudo
A tristeza também
A saudade comeu tudo
A esperança já não vem
Hoje
Não estou
Pra ninguém "!
terça-feira, 3 de junho de 2008
O Essencial... é invisivel aos olhos...

Há muitos...muitos anos...
.. Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o princepezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o princepezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.
Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o princepezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o princepesinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
... Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.
O princepesinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...
... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntar, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples:
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
Foi o tempo que tu perdes-te com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.
Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
In: Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
quarta-feira, 28 de maio de 2008
PLANANDO...

" Vieste suavemente planando
Entraste em tom brando,
Ecoava em fundo um jazz contemporâneo
Um vinho respirava em cima do piano
Não me abrandaste o ímpeto de te querer
Não fizeste um gesto quando te despi para te ter
Não quebraste o silêncio quando tocava a balada do prazer
Não me paraste quando te beijei o peito
Não me negaste quando te apertei contra o canto
Fizemos do chão o manto
Do nosso Amor e outro tanto
Abriste te em flor
Tocaste as notas do amor
Foi um misto, o prazer e a dor
Brotaram lágrimas por finalmente te ter
Ver a tua silhueta esbater
Em contraste com o amanhecer
Na parede do quarto escorria o suor
Já não havia mais pudor
Parei o tempo, podia até morrer".
J.A.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Vem...

Vem, amiga,
trazer-me as tuas mãos, as tuas brancas mãos.
Vem percorrer o meu corpo lentamente
mergulhar nua nos seus lagos
saciar-te nas suas fontes.
Vem. Cobrir-te de beijos.
Encherei as tuas horas, os teus minutos, com uma alegria inesperada.
Desvendarei antes da noite
o segredo que existe nos bosques molhados da mais estranha solidão.
onde te esperam inquietos os meus braços,
a minha boca chama em silêncio a tua boca,
e o amor acontece
para lá da fronteira das palavras.
Oh, vem, quero alimentar-me de ti
como uma planta carnívora.
Como o lobo devora o corpo da gazela.
Quero que a minha lingua percorra em delirio as tuas coxas
e os meus dentes mordam e cantem no teu peito.
Quero sentir o meu desejo correr nas tuas veias.
A minha fome perder-se nos teus músculos.
O teu ventre estremecer nas minhas mãos.
O teu gemido crescer na minha voz.
Vem, amiga. Viajarei contigo
à procura de nós em cada beijo.
(Joaquim Pessoa)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
sexta-feira, 16 de maio de 2008
PAIXÃO - RUI VELOSO
( Numa qualquer parte do mundo, estas palavras ja tiveram um significado especial e um tempo proprio)
Saudade

( Tomei a liberdade de publicar o post de um grande amigo... Mico! Pela grandiosidade das suas palavras e por muito admirar tudo o que escreve, sou uma fã incondicional do seu blog, Obrigado, meu amigo, por seres como és!!!)
" Perguntaram-me o que é saudade. A minha resposta foi imediata: talvez ninguém entenda mais
disso do que eu! E tentei explicar. Falei que a saudade é uma dor que parece cortar a
alma de nós, como navalha. Que faz o coração sangrar de tal forma como se ouvíssemos cada
gota do nosso sangue gotejando na nossa alma. Falei que é a falta imensa que nós sentimos,
o vazio infinito que sentimos quando nos lembramos de alguém que não vimos mais, que há
muito não vemos, que não veremos mais ou, ainda, de algo que ficou no passado e que jamais
poderá ser revivido.
Respondi, também, que saudade é uma dor que faz com que nos sintamos pequeninos, impotentes,
fracos, por não podermos tomar iniciativa para restabelecer um momento, uma fase, um
período, um tempo da nossa vida ou trazermos de volta alguém que foi embora, ou para outro
plano, ou para bem perto de nós, porque se encontra vivo e aqui no nosso planeta, mas
totalmente inatingível, inalcançável por se envolver numa redoma, propositadamente ou
involuntariamente, ou, ainda que possa sê-lo, não nos dá condições para tanto, fazendo
o nosso coração latejar de dor ao mesmo tempo que fica meio oco e a faltar um pedaço.
Expliquei que a saudade é a vontade de termos de volta o quê ou quem perdemos, de
abraçarmos, beijarmos, falarmos, ouvirmos a quem amamos e se encontra ausente e, mesmo
que saibamos que um dia essa situação poderá mudar, ela magoa mais à medida que o tempo
vai passando e nenhuma luz nos mostra que esse dia está próximo, tão pouco se ele
realmente vai chegar. Defendi que é a ferida que se mantém aberta quando alguém nos
ensina a amar e esquece de nos ensinar como deixar de fazê-lo, como esquecer. É como
se esse alguém comprasse o peixe para nos dar o alimento e jamais se tivesse preocupado
a ensinar-nos a pescá-lo, talvez porque nem soubesse fazê-lo, já que optou pela compra
e não pela pesca. E, quando vai embora, deixa-nos a fome, a necessidade do alimento.
E, à medida que eu enumerava as várias interpretações da saudade, mais eu sentia saudade,
mais aumentava o vazio dentro de mim, mais sentia vontade de dormir, dormir, dormir, até
que chegasse o momento de aplacar todas as minhas saudades, minimizando-as ou
exterminando-as. Porém, repentinamente, eu lembrei-me que a saudade não é só isso!
Que pode ser, também, o oposto disso tudo! Que pode não ser a ferida, a dor, o vazio, a
impotência, a distância, a ausência! Saudade pode ser, também, a boa recordação de momentos,
fases, épocas, pessoas; a lembrança que passeia na alma, que dá a sensação de proximidade
de quem amamos, que nos faz sorrir quando revivemos, mentalmente, situações inesquecíveis,
momentos insubstituíveis, ocasiões ímpares, alguém que faz parte de nós, que é um pedaço
imenso do nosso coração, que nos fez feliz mesmo que por poucos, mas intensos instantes.
Saudade, pode ser apenas um bem maior que a felicidade, porque é a felicidade que ficou.
É, ainda, a certeza de que fomos presenteados com a possibilidade de darmos e recebermos
os melhores sentimentos de alguém, em algum momento da nossa vida. É sabermos que existiu
na nossa vida algo ou alguém tão maravilhoso e tão importante para nós, que não nos permite
que esqueçamos, que abandonemos, que neguemos, que nos furtemos a admitir que vivemos com
intensidade, às vezes até com loucura, paixão, de forma incomensurável, algo ou alguém que
representa ou representou a nossa outra metade, tudo que nos faltava, tudo que merecemos.
Lembrei-me, sim, que a saudade pode não representar tão somente a tristeza, a amargura, o
desprezo recebido, o abandono, a revelação de um sentimento solitário que, em algum momento
, nos enganou, permitindo-nos acreditarmos na correspondência dos nossos sentimentos.
Lembrei-me, sim, que a saudade pode não acontecer apenas quando sentimos a tristeza ao
deparar com a realidade de que neste plano não teremos mais a possibilidade de reencontrar
um ente querido que já fez a sua passagem. Lembrei-me, sim, que a saudade é a marca, a
tatuagem, o reviver, a raiz regada e proliferara de um facto, de um momento, de um espaço
da nossa vida, de alguém que muito amamos e que, não importam os motivos, não estão ao
nosso alcance no exacto momento em que os nossos pensamentos activam as nossas lágrimas
misturadas com os nossos sorrisos, expressando os mais puros sentimentos traduzidos pelo
nosso coração e as maiores alegrias que a nossa alma gravou no mais profundo do nosso
ser, permitindo que factos e pessoas extremamente especiais para nós, passassem a ser
um pedaço de nós!
E isso é tão verdade que, surpreendentemente, sentimos saudade de quem nunca vimos,
dos beijos que jamais demos ou recebemos, do abraço nunca materializado, de palavras
escritas, de carinhos nunca recebidos, do olhar que nem sequer sabemos a cor, do corpo
que nem fazemos ideia de como seja, de personagens criados para nós ou por nós, de
lugares jamais visitados, de estrelas que jamais tocamos, do luar que nunca nos mostrou a
face da pessoa amada, da música que jamais ouvimos juntos, da poesia que nunca foi feita
para nós, dos lábios que, na nossa mente, são doces, ternos, cujo gosto temos a sensação
de ter sentido, sem, entretanto, jamais os termos tocado...
Saudade é tudo isso e muito mais! Saudade eu sinto, de ti.."
(Escrito por Mico)
quinta-feira, 15 de maio de 2008

O silencio doi como pedra na lingua.
A vida por vezes não tem esperanças nem sentido,
tudo parece em paz e no entanto o amor
tem sempre uma mais fria recompensa.
desde a primenira flôr, pouco ainda mudou
essa face da noite com a face do homem.
O rouxinol canta, sim, ador do homem canta
e à força de a esquecer, aprende-se a esquecer.
O silencio é de passos que atormentam a noite
e que ao fundo do fogo vão buscar a luz
para fazer arder as horas ate ao orvalho
onde a manhã se ri com os dentes da água.
Às vezes vagueia pelo pomar da noite
uma égua perdida numa nesga de luz,
é ador que pergunta e procura uma casa
junto à erva do peito, sob os olhos calados.
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mãos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo.
Costruí a minha casa.
Porém não sei ja das tuas mãos. Os teus labios perderam-se entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemiterio de beijos.
mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhas proíbidas
quando as nossas mãos surgiam por detras de tudo
para saudar o vento.
E vejo o teu corpo perfumendo a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de passaros
que agora de serolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
(Joaquim Pessoa)
com as mãos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo.
Costruí a minha casa.
Porém não sei ja das tuas mãos. Os teus labios perderam-se entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemiterio de beijos.
mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhas proíbidas
quando as nossas mãos surgiam por detras de tudo
para saudar o vento.
E vejo o teu corpo perfumendo a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de passaros
que agora de serolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
(Joaquim Pessoa)

Tornaste-te, inantingível!
Ergueste à tua volta, uma muralha, que apenas a alguns é dado o direito de transpôr...
tranformaste as lagrimas em duras pistas de gelo
as tuas palavras, outrora meigas e plenas de ternura; agora são duras e secas sem significados, nem significações...
A tua boca, quente, que aquecia a minha e me escaldava o corpo e as minhas noites; fechou-se... para mim
O teu corpo deixou de me procurar
o teu aroma, não se confunde já com o meu
distante de ti,
longe do teu corpo
a milhas de distância dos teus beijos
morro lentamente na sombra dos séculos que vivi...
a amar-te... assim sem mais!
A tua Ausência

Sabes…Como me dói a tua ausência?
Queria dizer-te tantas palavras que me vêm ate aos lábios…
Mas a dor é maior… e não me deixa falar…
Sei agora, que já te perdi…
Perdi a ultima esperança de um dia te poder voltar a ter,
Agora dói o saber que é mesmo uma verdade,
Que te deixei de ter,
Que nunca mais te voltarei a ter…
Dói-me tudo… de mim, em ti…, de ti… em mim…
Arrancaram – me uma parte de mim…
Tu eras uma parte de mim.
Tu eras essa parte, e fazes-me falta!
Sinto a imensidão do mundo à minha volta… e sinto o quanto sou pequena
No meio de tudo isto… faltas-me tu!
Deixaste-me o cheiro do teu rosto, uma vez mais…
O sabor dos teus beijos… quentes, meigos e famintos… de nós!
e… o encanto de poder adormecer embalada pelo calor do teu peito,
pelo teu cheiro,
pelo teu abraço forte,
por ti!
A dor é grande, meu amor
E deixa uma angústia crucificante
Não sei já de mim, sem ti
Não sei já de nós
Quero amar-te e não te tenho
… e tenho uma sede infinita de ti…
De nós…
E não consigo evitar,
… mas eu amo-te!
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