
Vem, amiga,
trazer-me as tuas mãos, as tuas brancas mãos.
Vem percorrer o meu corpo lentamente
mergulhar nua nos seus lagos
saciar-te nas suas fontes.
Vem. Cobrir-te de beijos.
Encherei as tuas horas, os teus minutos, com uma alegria inesperada.
Desvendarei antes da noite
o segredo que existe nos bosques molhados da mais estranha solidão.
onde te esperam inquietos os meus braços,
a minha boca chama em silêncio a tua boca,
e o amor acontece
para lá da fronteira das palavras.
Oh, vem, quero alimentar-me de ti
como uma planta carnívora.
Como o lobo devora o corpo da gazela.
Quero que a minha lingua percorra em delirio as tuas coxas
e os meus dentes mordam e cantem no teu peito.
Quero sentir o meu desejo correr nas tuas veias.
A minha fome perder-se nos teus músculos.
O teu ventre estremecer nas minhas mãos.
O teu gemido crescer na minha voz.
Vem, amiga. Viajarei contigo
à procura de nós em cada beijo.
(Joaquim Pessoa)
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